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SETEMBRO AMARELO!


O Setembro Amarelo é uma iniciativa organizada pelo Centro de Valorização da Vida (CVV), do Conselho Federal de Medicina (CFM) e da Associação Brasileira de Psiquiatria, a fim de prevenir e reduzir os números de casos de suicídio que crescem a todos os anos em nosso país.

No Brasil, são registrados cerca de 12 mil suicídios todos os anos e mais de 1 milhão de casos no mundo.

A maioria dos casos de suicídio estão relacionados a transtornos mentais. Em primeiro lugar está a depressão, seguida do transtorno bipolar e abuso de substâncias.

Trata-se de um assunto que deve ser falado e discutido para que seja possível compreender a situação em que essas pessoa se encontra e promover um suporte necessário para elas.

Por ser um assunto delicado convidamos a psicóloga Mariana Trovão de Queiroz para responder algumas questões sobre a Depressão (que é apontada como uma das principais causas para o suicídio), a caracterização da doença e sobre a temática do suicídio.



1- Existe uma causa específica para alguém desenvolver depressão?


As causas da depressão são multifatoriais, tendo fatores orgânicos, ambientais e relacionais. Pode ser que algum evento de grande impacto na vida da pessoa (morte, divórcio, falência, pandemia, etc.) seja um gatilho para um episódio depressivo, mas no geral isso ocorre quando já existem conflitos e sentimentos mal resolvidos previamente.

Muitas vezes não há um motivo externo que explique o aparecimento de um quadro depressivo. Não é incomum ouvir as pessoas falarem “Como fulano tá com depressão? Ele tem tudo!”. Isso acontece porque nós não somos afetados apenas pelo presente, mas também pelas situações que passamos ao longo da vida e pelas relações que tivemos”.

2- Depressão tem cura?


Quando se fala de saúde mental é complicado falar em cura, porque por mais que o indivíduo possa ter se tratado e seus sintomas tenham sido remitidos completamente, não há garantia que no futuro a pessoa não possa vir a deprimir novamente. Entretanto, com a psicoterapia é possível se fortalecer emocionalmente e criar ferramentas de modo a facilitar o enfrentamento de situações que poderiam desestruturar a pessoa. Em alguns casos, é também necessário o uso de medicamentos”.

3- Os estereótipos atribuídos a pessoas com depressão são reais? São sempre pessoas tristes, sozinhas, pessimistas?


“É característico que as pessoas deprimidas tenham humor mais rebaixado, falta de energia e perda de prazer em atividades que antes eram prazerosas para elas. Em alguns casos mais graves pode haver uma tendência a se isolar e a não conseguir realizar tarefas do dia a dia, como trabalhar, estudar e manter a rotina de higiene.

Mas isso não significa que por ter depressão a pessoa não vai rir, conversar e ter momentos felizes. É comum também que para “disfarçar” os sentimentos negativos a pessoa os mascare, fazendo muitas piadas e tentando passar uma imagem positiva às pessoas”.

4- É possível ter a depressão e apresentar outros sintomas além de todos os que já são atribuídos à depressão?


Além dos sintomas mais conhecidos, é comum que na depressão haja aumento na irritabilidade, dificuldade de concentração, aumento ou diminuição no apetite e no sono, diminuição da libido e baixa autoestima. É muito comum que a pessoa deprimida se sinta culpada e sem valor. Ela pode se sentir culpada até por estar com depressão”.

5-Quando pensamos na questão do suicídio normalmente associamos à depressão, mas há outros distúrbios que podem levar a esse pensamento?


“Existem vários fatores que podem levar à ideação e tentativas de suicídio. Transtornos mentais como transtorno boderline, psicoses e até alguns transtornos de ansiedade, assim como o abuso de substâncias químicas, podem levar pessoas a consumarem o suicídio.

É importante ressaltar que a situação socioeconômica e a presença de doenças, tanto orgânicas quanto psicológicas, são fatores de risco para o suicídio. Garantir boas condições de vida e acesso à saúde para a população também é uma forma de prevenção”.

6- Quanto ao suicídio, é importante falar abertamente sobre o assunto ?


Com certeza! O silêncio sobre o assunto só faz com que as pessoas que pensam sobre se sintam mais sozinhas. Quando não se pode falar sobre um assunto ele se torna algo maior, porque quando a gente fala, dividimos com o outro nossas ansiedades, medos e fantasias. O que é necessário é fazer isso de forma responsável e acolhedora, para que a pessoa se sinta segura e não se iniba mais”.

7- Quando buscar ajuda? E como ajudar alguém próximo que esteja passando por essa situação?


É importante buscar ajuda no primeiro sinal de que algo não vai bem e não esperar a situação se agravar. Em faculdades costumam haver clínicas gratuitas e muitos profissionais cobram preço social. Há também o Centro de Valorização da Vida (CVV), através do número 188.

Se é com alguém próximo a você, o que mais ajuda é ter uma postura acolhedora e não julgadora. Frases como “ você tem tudo, não devia estar assim”, “você não tem problemas de verdade”, “isso é falta de se ocupar” além de culpabilizar a pessoa, provavelmente farão com que ela pare de compartilhar com você como ela se sente.

Também é essencial reconhecer suas próprias limitações e não se responsabilizar pelo estado emocional do outro. O fato de ser com uma pessoa querida faz com que você também se envolva emocionalmente na situação. Tão importante quanto estar do lado da pessoa, é incentivá-la a buscar ajuda profissional”.




Se você se identificou com alguma situação ou conhece alguém que esteja passando por algo semelhante, não esqueça que você não está sozinho e que pode e deve procurar ajuda!



Gostaria de agradecer a contribuição enriquecedora da psicóloga convidada, Mariana Trovão de Queiroz que tratou com tanto cuidado e conhecimento esse assunto tão delicado e importante.



Mariana Trovão de Queiroz CRP 06/158038



Escrito por Adriele de Oliveira.

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